27 de out. de 2009

Ordem nos hospitais [voz ativa]


Por ser um pressuposto básico à continuação e ao desenvolvimento da espécie humana, a saúde está inerentemente ligada às questões sociais como organização da sociedade e manifestações políticas, econômicas e culturais. Até o século XVII, esse conceito não vigorou. As práticas médicas eram muito pontuais e menos preventivas ou a longo prazo. Não havia um estudo teórico acerca da relação que a saúde possui com a sociedade – esgotos, acúmulo de lixo e de corpos humanos nos centros das grandes cidades.

Somente ao final do século XVII, na Alemanha, surgiu uma política sanitária que visava à salubridade – o estado das coisas e do meio e seus elementos constitutivos, que permitem a melhor saúde possível. Era a chamada medicina de Estado alemã. Com estudos conjuntos de práticas médicas, químicas e de outras ciências naturais, uma série de atitudes foi tomada para melhorar a situação da saúde no país. Relocamento de hospitais, antes em lugares impróprios (perto de cemitérios ou lixo); limpeza urbana (bairros foram lavados pelas prefeituras); cadastramento de doentes graves ou com doenças epidêmicas, etc.

Porém, é importante lembrar que a reforma na área de saúde só foi completa com um redirecionamento da própria medicina. Deixava de ser individual para ser social. Métodos profiláticos foram desenvolvidos e o controle da saúde da população passou a ser constante, quase ortodoxo. As doenças foram mapeadas e começava-se a fazer divisão nos andares dos hospitais para pacientes com diferentes quadros. Os hospitais, agora, disciplinados – os centros clínicos marítimos e militares foram os primeiros a seguirem esse modelo – com controle por setores e hierarquização de funcionários e funções.

Não mais os hospitais eram lugares para morrer, mas sim de cura e de prevenção. A sociedade passa a olhar os hospitais como autoridades, extensão das melhorias públicas de Estado. A saúde da população agora é um dever, e é preciso manter a ordem desse setor.
Por Alexandre Isomura


créditos: sxc.hu

Nenhum comentário: