Prestes a completar 50 anos, Brasília já passa por problemas de cidade grande. Com mais de 2 milhões de habitantes, um projeto de expansão parece inevitável. O nome da vez é Noroeste, que deve abrigar 40 mil moradores em 20 novas quadras. Para o governo é a forma de resolver o grave problema de moradia do DF, que estaria impulsionando o surgimento de condomínios irregulares.
Na promessa de ser o primeiro bairro verde da cidade, no Noroeste será implantado abastecimento por energia solar, reaproveitamento da água da chuva, ciclovias e uma moderna tecnologia de coleta de lixo a vácuo. Segundo a Terracap o lucro obtido com a venda dos lotes será revertido para a urbanização de bairros como Itapõa e Vila Estrutural, mas alguns grupos da sociedade civil não estão satisfeitos.
O metro quadrado de um imóvel na planta está avaliado em 8 mil reais, contra 6 mil no disputado Plano Piloto. O preço, porém, parece não importar. O primeiro imóvel a ser lançado teve 94% das unidades vendidas em três dias. Ecológico ou não, o Noroeste faz sucesso. O tema ganhou atenção na mídia e na comunidade, mas existem outros empreendimentos imobiliários ousados sobre os quais pouco se ouve.
O C.A. do Lago Norte, criado para ser uma área comercial, se expande hoje até o Varjão. Discussões sobre a criação do Setor Catetinho abriram questões sobre o perigo ambiental do crescimento urbano, mas poucos conhecem o futuro Setor Jóquei Clube, localizado entre a EPTG e a Estrutural; e o Mangueiral, com o espaço de 30 quadras do Plano próximo ao Jardim Botânico. O Park Sul é um caso a parte, um bairro de flats e apartamentos de luxo para aproximar a classe A do Park Shopping.
E qual não é a surpresa de afirmar que foi de Lúcio Costa a ideia inicial de ampliar as asas. Em 1987 o urbanista escreve o texto Brasília Revisitada, onde propõe a construção de dois bairros a oeste, o já instaurado Sudoeste e o Noroeste. Distorcemos as palavras do criador: Nessas "Asas Novas", mesmo quando de configuração diversificada, deve também prevalecer a mesma conotação de cidade parque, vale dizer, pilotis livres, predomínio de verde, gabaritos baixos. Assim, esta expansão futura atenderá às três faixas de renda.
por Ana Cândida Pena
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