21 de set. de 2007

Construção - Dia 2 - Vagalumes numa nuvem de poeira de neon

Sereno

Para a poesia, tira-se o paletó e a gravata. Há a entrega de nervos e arrepios. Diversos sentimentos parecem se encontrar e se complementarem. E como que viciados nessa lucidez, os pensamentos respiram, oxigenam as raízes e simplificam as idéias. “Com passos de lã” , como canta Chico Buarque, fugimos da agonia.

Manuel de Barros está certíssimo quando diz que tudo serve para a poesia. E a poesia serve a todos. Basta sofrer para ser poeta, basta curar para ser poesia. A lagartixa que come rios é poesia. O lodo das estrelas é muito importante para a poesia. É a provocação sem maldade, pois explorar os vários significados de uma palavra demanda honestidade.

Precisamos de Augusto dos Anjos como boa noite. Viver num lugar comum, com manhãs serenas e plenas. O acúmulo de preocupações nos faz perceber pouco; olhamos em vez de observarmos. Entramos na simultaneidade, as pessoas não sabem fazer projetos, vivem uma ansiedade terrível. Uma dose de poesia faria bem.
Capas de jornal deveriam ilustrar Ferreira Gullar, Castro Alves, João Cabral de Melo Neto ou tantos outros geniais poetas nacionais. Devemos viver em poesia, pois as palavras são humildes, a tonalidade que é impostora. Em tempos de arrependimentos descartáveis, versos podem ser a solução. Sonetos tranqüilizariam o trânsito, as filas e o calor. E não estamos muito longe.



Texto-notícia baseado na segunda noite do Sarau da Primavera – 100 horas de poesia, que acontece no Clube da Imprensa desde o dia 19 de setembro e termina à meia-noite deste domingo. A equipe do jornal o balde. esteve presente nas duas primeiras noites do evento que reúne pessoas comuns, pessoas. Não há luxo, há verdade.

Da equipe d'o balde.
Texto: Alexandre Isomura
Fotos: Gabriel Morais e Pedro de Oliveira
Colaborou Vi Inícios

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