Tom Clancy
O rapaz passava correndo pela rua, batendo perna em meio a tantos. Tantos de iguais sorrisos e olhares comuns. Vestia-se tão apropriadamente que estava camuflado entre todos, cenários. Tirando, claro, por aquele vermelho no tênis que berrava à minha atenção. Possuía um nome despretensioso. Na verdade poderia ter um nomear qualquer, de que importaria um nome? Sua identidade, entretanto era de uma releitura. Era Dorothy. Não uma, mais uma. Dorothy perdida de Kansas. Dorothy dos sapatos vermelhos. Sapatos vermelhos e não prateados! Em verdade não sapatos, mas tênis! Uma releitura da releitura, ora, para que nomes então? Sua natureza era a repetição do já trilhado, tinta gasta em papel reciclado. Sua estrada de tijolos amarelos era a linha de luzes traçadas no alto (postes em romaria noturna). Suas bruxas do leste a oeste, norte ou sul, eram meros sentidos de seus percalços (travessos, trágicos). Seus homens de lata, leões covardes, espantalhos eram espíritos robotizados, crianças assustadas, ameaças sem conteúdo (lugares comuns, companhias de sua condição). O que haveria com todo esse bater de pernas, bater de sapatos? Sapatos vermelhos da cor da juventude, cor de corações abertos a sangrar. Sangria de busca por algo mágico, algo sábio. Busca d’um aplacar desse anseio por um lar, por um lugar onde se encaixar. Reproduções de tudo que uma vez acometeu às literaturas já escritas, e tantas outras por vir. De que valeria isso tudo, senão o deslumbramento de encontrar algo novo nas releituras?
Um comentário:
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