“É inaceitável a atitude daqueles que, em flagrante desrespeito à sociedade, lavam as mãos diante dos absurdos dessa realidade brasileira: a improbidade administrativa, a malversação de recursos públicos, os desvios, a concussão, a corrupção, enfim, as diferentes formas de ilícito contra a Administração Pública, contra a sociedade brasileira, contra a democracia política”.
Esse trecho é do relatório final da CPMI dos Correios, que investigou uma série de irregularidades, algumas citadas acima, em instituições estatais, no ano de 2005. O inconformismo demonstrado no relatório final dessa comissão parlamentar de inquérito estava em consonância com a insatisfação da população na época que eclodiram as denúncias contra funcionários do governo.
Passados três anos, alguns investigados foram cassados, outros afastados, muitos marcados negativamente para o resto da vida. Já os membros da comissão estão em plena ascendência. O então deputado Eduardo Paes, relator adjunto da CPMI dos Correios, é o atual prefeito eleito da cidade do Rio de Janeiro. O deputado Antônio Carlos Magalhães Neto, sub-relator da CPMI, conseguiu a reeleição em 2006.
Não esqueçamos que o prefeito eleito Eduardo Paes foi o secretário de Esporte e Turismo do estado do Rio de Janeiro; ele aprovou muitas obras para o os jogos do Pan-Americano, realizados na cidade carioca em 2007. Há indícios de superfaturamento. O estádio Engenhão e as estruturas do velódromo, abandonado desde os jogos, são exemplos. Não obstante, o prefeito carioca é um dos principais responsáveis pela realização dos jogos olímpicos na cidade do Rio de Janeiro, em 2016. Fiquemos atentos.
O sobrenome Magalhães de Antônio Carlos Neto fala por si. Seu avô, Antônio Carlos Magalhães, não foi um exemplo de “democracia política”.
Portanto, há a dúvida se as Comissões Parlamentares de Inquérito são realmente efetivas. São necessidade de resposta social ou palco político para parlamentares oportunistas?
por Alexandre Isomura
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