1 de nov. de 2009

José Marcelo dos Santos [ O Balde entrevista]


(Clique na imagem para ampliá-la)


Sempre em sala de aula, atento. O jornalista e professor José Marcelo dos Santos apresenta atalhos, novas formas de observação em relação à notícia. Para um estudante de jornalismo isso é essencial, mas não somente para um estudante de jornalismo.

O que é jornalismo?


O jornalismo é um instrumento que a sociedade tem para ser informado sobre o que está errado e reagir. É onde a minoria pode ser representada e ganhar legitimidade. É uma consolidação da cidadania.


Isso ocorre no jornalismo atual?


O jornalismo não é tão livre como gostaríamos. Temos veículos de comunicação nas mãos de lideranças políticas ou empresariais. Além de uma sociedade que se acostumou a não questionar isso.


Como a sociedade pode conscientizar-se disso?


A sociedade vai ser conscientizada pelos meios de comunicação. Porém, os meios de comunicação estão nas mãos de grupos econômicos ou políticos... É um ciclo. Pois se houver conscientização da sociedade, os grupos vão perder o controle sobre ela. Eles não querem isso.


E não há jornalismo independente?


Atualmente, não. Pois não há uma sociedade independente.


Mas e o Pasquim? Foi um exemplo?


O Pasquim foi um grande exemplo de jornalismo independente, mas ele não nasceu disso. Nasceu com um grupo de jornalistas socialmente responsáveis, intelectuais, boêmios... O jornalismo vem perdendo a boemia, cada dia ele vem se transformando mais em negócio. O jornalista é cada vez mais um executivo da notícia. Fizeram um bom jornalismo independente. Mas a sociedade não bancou e teve que acabar.


É otimista em relação ao jornalismo brasileiro?


Gostaria de ser mais, mas eu sou otimista. A gente pode não fazer o melhor, mas fazemos o melhor possível. O jornalismo está emburrecendo, e é verdade. O jornalismo está superficial, e é verdade. Porém, existem algumas manifestações importantes em momentos muito específicos.

por Alexandre Isomura

ilustração por Estevão Mendes

5 comentários:

Unknown disse...

O que é necessário para que um jornalismo boêmio, socialmente responsável e independente, tenha forças para chegar ao conhecimento de todos os interessados em seu conteúdo? Se tratá-lo como negócio não é o melhor meio, como fazer isso? Concordo que negociatas tendenciosas ofuscam a pureza da informação, mas então, como a sociedade poderia bancar um bom jornal para que ele não acabe?

O Balde disse...

As respostas para essas perguntas existem. Estamos à procura, junto com vocês.

Agradecemos a participação.

equipe O Balde

Bia disse...

Duas considerações para reflexão:

Porque o jornalismo 'é um instrumento que a sociedade tem para ser informada sobre o que está errado'? Faz parte da parcialidade jornalística comentar também sobre o que está certo, ué, sobre o que a sociedade pode usufruir e não sabe, enfim, O Balde mesmo privilegia esse tipo de informação. Acredito que a sede por informar apenas o que está errado é a ignição pro sensacionalismo.

Outra coisa, não entendo muito essa relação da boemia com a intelectualidade e com responsabilidade social. Por mais que sejam boêmios os maiores intelectuais que eu inclusive admiro, não vejo uma relação direta com responsabilidade social. Aliás, o que eu acho é que o jornalismo vem perdendo a sua responsabilidade social, mas não sua boemia, que acredito tem muito mais a ver talvez com arte e intelecto do que com os fatos, com a notícia - e a forma como ela é colocada para a sociedade - em si.

Fez sentido? Tentei colocar aqui algumas contribuições.

Abraços.

pedro disse...

Concordo com a Bia, completamente.

Mas muito bom que se abram espaços para opiniões como esta e de todas as ordens aqui, de qualquer forma.

O Balde disse...

Concordamos que o jornalismo não pode se prender a noticiar o que está errado. Na verdade, cabe ao receptor da notícia esse julgamento. O jornalismo deve congregar opiniões e a partir daí justapor ideias positivas para a melhoria social.

Portanto, a responsabilidade social pode ser associada a todo tipo de jornalista, desde aquele que instiga a cultura popular, até o que fiscaliza o governo. No final, devem ambos contribuir para uma maior reflexão acerca do cotidiano. Isso já basta para ser social.

Obrigado pelos comentários. Continuemos.

Equipe O Balde